Bom dia, Wilmar.
Eu tenho uns relatos a fazer sobre algumas lembranças da Curitiba de antigamente (não tão antigamente assim rsrsrs) mas não consegui escrevê-las antes. Servem como ilustração.
Eu estudei no Instituto de Educação, entre os anos 57-58-59 (Ginasial) ; 61-62-63 (Escola Normal). Morava no Ahú de Baixo, descia da "lotação" na Praça Tiradentes, ao lado da Catedral , atravessava a Praça Tiradentes, passava ao lado da construção do Banco do Brasil, pela loja Renaux, Papelaria Requião, Farmácia Colombo e era minha passagem justamente pela praça onde ficava o Cine Luz. naquela região tem um rio canalizado, que vem todo por baixo da Boca Maldita, atravessa a praça Zacarias (ao lado de onde tem uma Ótica), e continua por entre as ruas e prédios da região. Ele passa bem por baixo da esquina em que estava o Cine Luz. Não lembro em que ano, mas numa das enxurradas daquelas chuvas loucas, o assoalho do Cine Luz cedeu. Depois disso ele foi transformado, se não estou enganada, numa loja de ferragens ou Supermercado da família Senf.
Acompanhei, no meu dia a dia, as escavações e transtornos para serem reformadas aquelas ruas do centro, no tempo em que começaram a ser desapropriadas as casas antigas, alargadas as ruas centrais, a Marechal Deodoro, muitas pessoas achavam errado, outras apoiavam as obras. Foi uma época difícil para os estabelecimentos da região e para as pessoas que vinham da Praça Tiradentes (como eu) e precisavam passar por ali. Mas valeu cada sacrifício. A Marechal Deodoro era uma estreita, calçada com paralelepípedos, as calçadas estreitíssimas, com pedras quadradas que se soltavam a cada chuva, tínhamos que pisar bem no meio delas se não quiséssemos sujar as roupas e encharcar os calçados. Passava um carro por vez, se alguém estacionasse mal, pronto... travava tudo. Não lembro em qual gestão isso começou... Ivo Arzua, Ney Braga... Foi uma sucessão de prefeitos que tiveram o olhar direcionado para o futuro e conseguiu destravar o miolo da cidade.
As antigas fundações das construções que na Praça Zacarias ficaram à vista, nas escavações, causando espanto por estarem íntegras, eram feitas com toras de pinheiro enterradas com a madeira ainda verde, que apesar de tantos anos, estavam intactas, como se "petrificadas". Alguns prédios ainda estão lá, misturados aos modernos. Os primeiros "prédios" começaram a ser constuídos, a antiga Curitiba começou a ter olhares de modernidade...
Quando fizeram a Praça 19 de dezembro, conhecida domo do Homem Nu, também foi feita uma "Mulher nua", que está relegada aos fundos do Palácio Iguaçu... o conservadorismo dos curitibanos (posso falar porque o sou) não admitia que uma mulher estivesse exposta nua em público, mesmo que representasse a raça indígena, ao lado do seu guerreiro. Se não a removeram, ainda deve estar lá, ao lado de um mapa do Paraná construído em alto relevo, no chão do pátio.
Posso ter me atrapalhado um pouco na sequência dos fatos... mas as lembranças são assim... associações que se fazem, uma puxa a outra. Não sou de cultuar muito datas, mas lances surgiram na memória e me fizeram bem.
Obrigada por me fazer relembrar da minha mocidade.
Zeli